Olá,
Não sei exatamente depois de quantos dias eu comecei a sentir os efeitos da segunda fase do choque cultural, a aflição - confusão e isolamento, mas deve ter vindo na terceira ou quarta semana, quando eu mudei pro apartamento que eu havia de fato alugado, após quase ter apanhado de um esquizofrênico no elevador e após ter falhado miseravelmente na tentativa de fazer amizades com o pessoal de fora da escola. Mas o fato é que realmente me senti confuso e me isolei, não no âmbito da escola, pois passava o dia tendo aulas de gramática pela manhã e curso de conversação a tarde, o pessoal da minha turma era muito legal e tínhamos assunto pra uma vida, já que eramos assim distribuídos:
Professor (manhã) - francês
Alunos - 2 mexicanos, 1 peruano, 1 árabe, 1 sul coreano, 1 australiano, 1 colombiano, 1 venezuelano e 1 brasileiro (eu)
Professor (tarde) - canadense (quebequense)
Alunos - 1 iraniano, 2 mexicanos, 1 venezuelano e 1 brasileiro
Algo que contribuiu para o isolamento foi a volta de um amigo neo zelandês com quem almoçava, pro país dele, íamos em uma praça onde haviam alguns foodtrucks e sempre pedíamos coisas exóticas canadenses (e quase tudo era agridoce ou vinha com maple sirop).
Outra coisa, os montrealenses são extremamente educados, mesmo pessoas mais velhas abrem a porta para você se estiver vindo com as mãos ocupadas, agradecem excessivamente quando você faz o mesmo, são atenciosos enquanto te atendem e etc... Maaas, somente quando a etiqueta assim o manda, fora isso, são extremamente fechados, mais que os curitibanos (e eu achei que por ser curitibano não teria problemas com isso, pense em um povo 10x mais fechado). Logo, nesse tempo meu parceiro foi meu fone de ouvido, hangouts com a família todo dia e as minhas lições de francês.
Calma que no próximo post vem uma fase boa, então por mais negativo que essa fase pareça, tem um lado muito importante, que é a desmistificação de uma viagem internacional ou de uma experiência em um país desenvolvido. A confusão e certa decepção que eu sofri nesse tempo apagou aquela idéia de "terra dos sonhos" que a palestra de imigração cria na nossa cabeça, eu tive contato com a realidade nua e crua do cotidiano montrealense e assim, pude pesar os prós e contras de uma forma mais realista e racional se emigrar para lá é uma boa idéia e se quero de fato abrir mão da minha vida aqui, das oportunidades que teria no Brasil para começar vida nova por lá; afinal, para alguém solteiro e sozinho, os principais benefícios da vida no Canadá (segurança e educação - que são atrativos para quem pensa na família ao escolher emigrar) são menos importantes quando comparados ao potencial de crescimento profissional, que é o meu interesse maior, e no que diz respeito a isso, não faltaram pessoas para me advertir que os problemas comuns de empresas existem lá também, assédio moral, politicagem, dificuldades para encontrar emprego, se sentir subvalorizado, subestimado para a formação que tem e etc.
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